top of page
violencia-contra-a-mulher_foto-mariana-l

A VIOLÊNCIA DEMOCRATIZADACONTRA A MULHER 

REPORTAGEM
REPORTAGEM JD 002.JPG
Promotora Lucy Antonelli (créditos: Mariana Lopes)

A violência contra a mulher não possui fronteiras. Mulheres com melhores condições de renda também sofrem caladas.

Por Maria Eduarda Maia e Mariana Lopes

EXISTE PADRÃO?

Seja por medo ou vergonha, mulheres com condições de renda melhores, em geral, não denunciam agressões. De acordo com a Promotora de Justiça e coordenadora do Núcleo de Gênero pró mulher do Ministério Público do Estado do Ceará, Lucy Antonelli, não há como dizer quem mais sofre violência entre as mulheres. “Infelizmente nós não temos padrão. Muitas das vezes, quem tem mais vergonha de denunciar ou de noticiar esses fatos são mulheres com uma condição de renda maior, que muitas vezes sofrem caladas por medo da família, por vergonha, por acharem que ninguém vai acreditar na história delas. Então a violência doméstica, principalmente, eu costumo dizer que é muito democrática, é para todas as camadas sociais, infelizmente.”, completa Lucy.

 

A história de Júlia (nome fictício), estudante de 18 anos, retrata bem o fato de a violência contra a mulher não ter padrão definido, e que pode abranger todas as classes sociais. Julia é de classe média alta, sempre estudou em escolas particulares e atualmente frequenta, também, uma universidade privada. Mas a condição financeira e o ambiente social em que vive não a poupou das consequências de uma sociedade machista e preconceituosa.

 

No ano de 2018, Júlia sofreu uma tentativa de estupro dentro de sua própria casa. O agressor era um conhecido da jovem que, segundo ela, sempre mostrou indícios de comportamentos machistas e desrespeitosos, porém ela nunca imaginaria que algo do tipo fosse acontecer. Confira abaixo o relato do ocorrido:

 

 

Lucy Antonelli, quando questionada se o aumento do índice de ocorrências decorre do aumento do número de casos, ou porque as mulheres estão denunciando, diz que a questão do empoderamento da mulher aumentou, fazendo com que elas, consequentemente, denunciem mais. “O fortalecimento das instituições de defesa da mulher tem feito com que a mulher acredite mais na punição e na justiça, e ela tem procurado mais efetivamente. Eu creio que nós podemos dizer as duas coisas: tanto a violência aumentou, quanto as mulheres estão se sentindo mais empoderadas e mais confiantes de fazer essas denúncias e essas notícias das agressões que vêm sofrendo”, afirma.

Júlia, vítima de tentativa de estupro, comentou sobre como reagiu nos dias seguintes ao ocorrido e os dilemas sociais aos quais foi submetida. A estudante conta sobre como teve o apoio dos amigos e família, mas que, ainda assim, existiam aquelas pessoas que não acreditavam e menosprezavam a situação. Ouça o áudio abaixo sobre o que aconteceu após o caso:

 

 

fotodepoimento.jpeg
Júlia, 18 anos
VÍDEO

Entrevista com a Promotora de Justiça do Ministério Público do Ceará, Lucy Antonelli.

bottom of page