DADOS
Mesmo a violência contra o sexo feminino sendo um tema altamente debatido entre a sociedade, ainda há questões importantes a serem tratadas.
Segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em fevereiro de 2019, uma em cada quatro mulheres brasileiras com mais de 16 anos sofreu alguma forma de violência em 2018. No levantamento, realizado a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 27,4% das mulheres entrevistadas relataram ter sofrido agressão, e entre elas, 52% não denunciaram os casos.
Ainda de acordo com a pesquisa, que ouviu 2.084 pessoas em 130 municípios brasileiros, das mulheres que sofreram agressões e procuraram ajuda, apenas 23,8% relataram ter buscado algum órgão especializado, como delegacias da mulher, por exemplo.
Porém, segundo levantamento recente do IBGE, até o ano de 2018, as brasileiras só contavam com atendimento em delegacias especializadas em 8,3% das cidades. Além disso, só existem casas-abrigo de gestão da prefeitura em 2,4% dos municípios, para acolher vítimas expostas a situações de alto risco, o que é considerado um número baixo para o grande número de casos de violência contra a mulher registrados no Brasil.
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"bestialidade
conheci a covardia quando ela vestida bermuda e camiseta.
ela estava na cozinha, um corpo masculino, e eu e mamãe nos escondíamos no quarto dos fundos.
minha irmã nos pedia paciência, não podia negar a conversa. pelas crianças. pelo pasado. pelas inúmeras ligações com o intuito de resolver as coisas.
a covardia chegou e, pelo tom, eu sabia que nada tinha mudado.
a voz ameaçadora.
o corpo feroz.
o cheiro da podridão.
em menos de cinco minutos, a primeira ameaça veio. o dedo avançando por rosto. e quando o grito ecoou, em meio ao choro após o primeiro soco na boca, nós saltamos para defendê-la. a covardia colocou a mão nas costas, na altura da cintura, fingindo estar armada.
a covardia é patética. tem medo da união feminina. tem medo de outros homens. da polícia. de morrer sozinho. de apanhar como bate. de perder a fama de machão. de ficar sem dinheiro. de ver sua própria máscara no chão.
quis estragar minha vida e enfiar uma faca na barriga dela , chutar sua testa até ver sangue, arrancar seus pés para que nunca mais pudesse andar. e foi assim durante muitas semanas. mesmo após a sepração. mesmo após a denúncia que, de tão burocrática, parou na metade.
mas a maior dor é a de quem vive sabendo que é detestado por todos - e essa a covardia já tem.
que triste é saber que, de todas as pessoas do inferno, você faz parte do grupo dos que não tem ninguém pedindo pela sua alma.
- aos homens que agridem mulheres: nem o nosso perdão pode salvá-los."
Livro Chorar de Alegria